Dendê
com a África à boca
Resumo
Este artigo fundamenta-se nas pesquisas de campo que realizei no Brasil e em países africanos. As pesquisas formam uma base etnográfica reveladora das muitas relações entre o continente africano e o Brasil, e com isso a criação de acervos patrimoniais únicos que atestam a nossa pluralidade cultural. Este artigo quer mostrar, através de relatos históricos, etnografias comparadas, e pesquisas de campo, como o azeite de dendê se tornou uma marca da identidade de matriz africana no Brasil. Como o dendezeiro saiu da África e chegou ao Brasil. Também apontar como, a partir dos seus significados na economia, na religiosidade e na gastronomia, passou a marcar uma comida de matriz africana que representa a identidade de um ofício artesanal que foi patrimonializado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Ainda, como os terreiros de Candomblé se tornaram um importante guardião dos saberes e dos fazeres de matriz africana no Brasil. E, a baiana de acarajé com seu ofício e com sua “roupa de baiana” tradicional, passou a ser um símbolo que representa um importante passo na preservação da cultura de matriz africana no Brasil.
Referências
BEIR, U. Yorubá myths. Cambridge: Cambridge University Press, 1980.
CARNEIRO, E. Ladinos e crioulos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
CASCUDO, L. C. História da alimentação no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1983.
LODY, R. O dendê e a comida de santo. Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, Centro de Estudos Folclóricos, 1977. (Folclore; 43).
LODY, R. Espaço, orixá, sociedade: um ensaio de antropologia visual. Rio de Janeiro: Ed. Do Autor, 1984.
LODY, R. Samba de caboclo. Rio de Janeiro: CDFB, 1977.
LODY, R. Artesanato religioso afro-brasileiro. Rio de Janeiro: IBAM, 1980.
LODY, R. Santo também come. Prefácio de Gilberto Freyre. Rio de janeiro: Artenova; Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1979.
LODY, R. Tem dendê, tem axé: etnografia do dendezeiro. Rio de Janeiro: Pallas, 1993. 120 p.
Raul Lody
RBG – Revista Brasileira de Gastronomia, Florianópolis, 2018; 1 (1), p. 18-33
33
LODY, R. Cozinha Plural. In: A culinária baiana no Restaurante do SENAC Pelourinho. Rio de Janeiro: Salamandra. 130 p. Edição português e inglês e Edição português e francês, 1996.
LODY, R. O rei come quiabo e a rainha come fogo. In: Leopardo dos olhos de fogo. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998.
LODY, R. Cozinha brasileira: uma aventura de 500 anos. In: Formação da culinária brasileira. Rio de Janeiro: Sistema CNC, SESC, SENAC, 2000.
LODY, R. Presencia de África em la gastronomia de Bahia. In: Patrimônio Cultural y Turismo. Congresso sobre Patrimônio Gastronômico y Turismo Cultural em América Latina y el Caribe. Memórias. Tomo II. México: Conaculta. Tomos I, II, III. Cuadernos, 2002.
LODY, R. Axé do acarajé: argumento, pesquisa e roteiro. Documentário 52 m., direção Polla Ribeiro. Fundação Palmares, CNCP/IPHAN, 2006.
LODY, R. Museu da Gastronomia Baiana (catálogo). Salvador: Senac Bahia. Edição Português/Inglês/Espanhol, 2007. 48p.
LODY, R. Brasil Bom de Boca. Temas da antropologia da alimentação. Editora Senac: São Paulo, 2008. 424p.
LODY, R. Acarajé. Comida y Patrimonio Del Pueblo Brasileño. La patrimonialización Del acarajé in Identidades em Plato. El patrimônio cultural alimentario entre Europa y America. Icaria, Observatorio de la Alimentación, Barcelona, 2008.
LODY, R. Dendê: bom de comer, de ver e de significar a matriz africana no Brasil. In: Dendê. Símbolo e sabor da Bahia (organizador). São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009. 147p.
LODY, R. (Org). Dicionário do Doceiro Brasileiro. (Dr. Antonio José de Souza Rego, 1892). Organização da obra (Introdução: Doce Comida; análise de receitas e glossário). São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010. 325 p.
LODY, R. Coco. Comida, cultura e patrimônio. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011. 196p.
LODY, R. Vocabulário do Açúcar. Histórias, cultura, e gastronomia da cana sacarina no Brasil. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011. 197p.
LODY, R. Caminhos do Açúcar. Ecologia, gastronomia, moda, religiosidade e roteiros turísticos a partir de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: Topbooks Editora, 2011. 305p.
LODY, R. Bahia boa de comer: do carimã ao dendê. In: A Mesa com Carybé. (Organizador) Rio de janeiro: Senac Nacional, 2007. 118p.
LODY, R. A roupa de baiana. Salvador: Memorial das Baianas de Acarajé, 2003. 28p.
LODY, R. Bahia bem temperada. Cultura gastronômica e receitas tradicionais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013. 153p.
MAIA, S. A. Dicionário complementar português-Kimbundu-Kikongo. Luanda: Tip. Das Missões Cucujães, 1961.
PEIXOTO, A. Breviário da Bahia. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1980.
SANTOS, J. E. Os nagôs e a morte. Petrópolis: Vozes, 1976.
SANTOS, E. A. Nota sobre comestíveis africanos. In: O negro no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1940.
Copyright (c) 2018 Revista Brasileira de Gastronomia
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
O conteúdo da revista é de acesso público e gratuito, podendo ser compartilhado de acordo com os termos da Creative Commons Atribuição - Uso não-comercial - Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil. Você tem a liberdade de compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra, sob as seguintes condições:
a) Atribuição — a atribuição deve ser feita quando alguém compartilhar um de seus artigos e deve sempre citar o nome da revista e o endereço do conteúdo compartilhado.
b) Uso não-comercial — você não pode usar esta obra para fins comerciais.
c) Vedada à criação de obras derivadas — você não pode alterar, transformar ou criar em cima desta obra.
Ficando claro que:
Renúncia — qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais. Domínio Público — onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
Outros Direitos — os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- Os direitos morais do autor;
- Sireitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
Aviso — para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da Revista Brasileira de Gastronomia que deve ser consignada a fonte de publicação original. Os originais não serão devolvidos aos autores.
As opiniões emitidas pelos autores nos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Esta obra está licenciada sob uma Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 4.0 Internacional.