Aceitabilidade e rentabilidade de filés de peixe xerelete (manezinho) – Caranx crysos (Mitchill, 1815) – submetidos à defumação tradicional e líquida

  • Saulo Santana Santos Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Florianópolis-Continente
  • Liz Cristina Camargo Ribas Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Florianópolis-Continente
Palavras-chave: xerelete, defumação, pesca artesanal

Resumo

O Estado de Santa Catarina destaca-se como o maior produtor nacional de pescados provenientes de atividade extrativa marinha. Entretanto, conforme a literatura, das espécies de peixes com registro de desembarque pela pesca industrial e artesanal catarinense, apenas 6% são utilizadas gastronomicamente em restaurantes da região. A maioria das espécies subutilizadas e subvalorizadas são provenientes da pesca artesanal, como o peixe conhecido por xerelete ou “manezinho” (Caranx crysos). Como forma de agregar valor comercial a essa espécie, valorizando a própria pesca artesanal, o presente trabalho visou analisar a aceitabilidade, intenção de compra e rentabilidade de filés de xerelete submetidos à defumação tradicional e à defumação líquida. Os testes de aceitabilidade e intencionalidade de compra mostraram-se promissores, sendo ambos os tratamentos aceitos pelos julgadores (n = 90) – com superioridade apontada para a defumação tradicional. Em relação à rentabilidade, houve perdas médias de 37% na filetagem e 53% durante todo o processo – até o produto defumado final. Verifica-se que a espécie apresenta potencial gastronômico promissor quando submetida a processos de defumação, especialmente por ser rica em lipídeos, os quais auxiliam na fixação do aroma característico da fumaça.

Biografia do Autor

Saulo Santana Santos, Instituto Federal de Santa Catarina - Câmpus Florianópolis-Continente

Tecnólogo em Gastronomia pelo CTE/IFSC.

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Publicado
2021-02-18
Edição
Seção
Artigos