Intenção de Boicote do Consumidor ao Milho Transgênico a partir do conhecimento sobre Milho Crioulo
Resumo
Um alimento crioulo é aquele que não sofreu mudanças genéticas pela indústria e que mantém suas características naturais. O presente estudo tem como objetivo discutir como a intenção de boicote do consumidor a um milho transgênico pode ser influenciada após uma experiência em um projeto de extensão que resgata o conceito de milho crioulo e sua relação com memória, patrimônio cultural e sustentabilidade. Quatro hipóteses são testadas em um quasi-experimento com uma amostra de 48 indivíduos que atuam no ramo da Gastronomia (estudantes, pesquisadores e empreendedores). Os testes não-paramétricos permitem concluir que: (H1) - indivíduos com conhecimento prévio em relação ao milho crioulo tiveram maior intenção de boicote em comparação aqueles que não o tinham; (H2) - a experiência lúdico-sensorial influencia em uma maior intenção de boicote ao milho transgênico pelos indivíduos; (H3) - antes da experiência lúdico-sensorial homens e mulheres têm a mesma média em relação a intenção de boicote ao milho transgênico; e, (H4) - há indícios de que mulheres têm maior intenção de boicote a um milho transgênico que homens após serem expostas a informações sobre o milho crioulo. Estes resultados (i) evidenciam a relevância do processo de conscientização do consumidor por meio da Extensão Universitária e (ii) o conhecimento construído em relação à memória, patrimônio cultural e sustentabilidade influenciando na intenção de boicote do consumidor.
Referências
Barber, B. M. & Lyon, J. D. (1996). Detecting abnormal operating performance: The empirical power and specification of test statistics. Journal of Financial Economics, v. 41, n. 3, July 1996, p. 359-399. DOI: https://doi.org/10.1016/0304-405X(96)84701-5
Barda, C.; Sardianou, E. (2010). Analysing consumers’ ‘activism’ in response to rising prices. International Journal of Consumer Studies, Oxford, v. 34, n. 2, p. 133-139, Mar. 2010.
Basso, R. (2017). Avati na mesa e no sertão: um pouco da história do milho na colonização da América Portuguesa. In: MELCHIOR, Myriam (Org.). Gastronomia, Cultura e Memória: por uma cultura brasileira do milho . Rio de Janeiro: Fólio Digital: Letra e Imagem, 2017, pp. 57-70.
Brasil, Decreto no 19.851, de 11 de abril de 1931. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D19851.htm>. Acesso em: nov, 2018.
Buarque de Holanda,, S. (1995). Raízes do Brasil. 26.ed. São Paulo: Companhia das Letras.
Camargo, M. T. (2008). O milho e a mandioca: nas cozinhas brasileiras, segundo contam suas histórias. Cadernos de folclore. 18o Vol. São José dos Campos, SP: Centro de Estudos da Cultura Popular, Fundação Cultural Cassiano Ricardo, 2008.
Cruz, B. de P. A. Social Boycott. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, Fecap (São Paulo), v. 19, n. 63, pp. 5-29. DOI: http://dx.doi.org/10.7819/rbgn.v0i0.2868
Cruz, B. de P. A. & Ross, S. D. (2018). Caminhos Sinuosos: Os Deslizes nos Estudos em Administração Pública e de Empresas. RAEP, 19 (2), pp. 200-242. DOI: https://doi.org/10.13058/raep.2018.v19n2.1106
Cruz, B. de P. A. & Botelho, D. (2015). Proposition of the relational boycott. Management Research: The Journal of the Iberoamerican Academy of Management, 13 (3), pp.315-333. DOI: https://doi.org/10.1108/MRJIAM-05-2015-0593
Cruz, B. de P. & Ross, S. D.. (2013). Percepção de Culpa no Boicote de um Bem de Luxo. Revista Pensamento Contemporâneo, 7, 3, p. 139-155. DOI: http://dx.doi.org/10.12712/rpca.v7i3.257
Cruz, B. de P., Marques-Jr, R. J. & Ross, S. D.. (2013). Gender Difference in the perception of guilt in consumer boycott. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 15, 49, p. 504-523. DOI: 10.7819/rbgn.v15i49.1357
Cruz, B. de P. A. (2013). Boicote de Consumidores em relação à Responsabilidade Social Corporativa: Proposições a partir do contexto brasileiro. Revista de Gestão Social e Ambiental, 7 (1), p. 19-34. DOI: 10.5773/rgsa.v7i1.547
Cruz, B. de P. A. (2012). The netnography in the consumers' boycott studies: the Brazilian company Arezzo case? In: Revista de Administração do Gestor, 2 (2), p. 119-146.
Cruz, B. de P. A. (2016). Boicote Experencial. Anais do XIX Semead. São Paulo (SP). FEA-USP, 2016.
Cruz, B. de P. A., Ross, S. D., Braga, J. e Abelha, D. M. (2012). Influência de brasileiros famosos no boicote de consumidores que usam redes sociais virtuais. Revista de Negócios, 17(2), 91-110. DOI: http://dx.doi.org/10.7867/1980-4431.2012v17n2p91-110
Friedman,, M.. (1999). Consumer Boycotts – effecting change trough the marketplace and the media. New York: Routledge.
FORPROEX. Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus 2012. Disponível em: < https://www.ufmg.br/proex/renex/images/documentos/2012-07-13-Politica-Nacional-de-Extensao.pdf > . Acesso em: nov, 2018.
Grolin, J. (1998). Corporate legitimacy in risk society: the case of Brent Spar. Business Strategy and the Enviroment, 7 (4), pp. 213-222. DOI: https://doi.org/10.1002/(SICI)1099-0836(199809)7:4<213::AID-BSE158>3.0.CO;2-I
Hart, A. (2001). Mann-Whitney test is not just a test of medians: differences in spread can be important. BMJ (Clinical research ed.), 323(7309), pp. 391-3. PMID: PMC1120984
Klein, J. G., Smith, N. C. & John, A. Why We Boycott: Consumer Motivations for Boycott Participation. Journal of Marketing, v. 68, 2004, p. 92-109. DOI: www.jstor.org/stable/30162004.
Knight, R. F. & Pretty, D. I. (2000). Brand risk management in a value context. Templeton Briefing, United Kindom, 36 p.
Maurer, B. S. da S., Brusamarello, T., Guimarães, A. N., Oliveira, V. C. de, Paes, M. R. & Maftum, M. A. (2013). Extensão Universitária em Saúde Mental na Universidade Federal do Paraná: Contribuições à Formação do Enfermeiro. Cienc Cuid Saude, 12 (3), pp. 539-547. DOI: 10.4025/cienccuidsaude.v12i3.18602
Melchior, M. Projeto Pirapoca: algumas observações sobre os potenciais transformadores e emancipadores da extensão universitária. In: [Anais] I Seminário UFRJ faz 100 anos: história, desenvolvimento e democracia, 4 a 6 de setembro de 2017. Ipanema, Rogéria de (Coord.). Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2018, p 171-182. Disponível em: < https://ufrj.br/sites/default/files/documentos/2018/09/2018-anais-do-seminario-ufrj-faz-100-anos-volume-2-web.pdf >. Acesso em: out, 2018.
Melchior, M. (2017). Memória e Resistência: argumentos para a valorização de uma cultura do milho particularmente brasileira. In: MELCHIOR, Myriam (Org.). Gastronomia, cultura e memória: por uma cultura brasileira do milho. Rio de Janeiro: Folio Digital : Letra e Imagem, 2017, p. 69.
Neilson, L. A. (2010). Boycott or buycott? Understanding political consumerism. Journal of Consumer Behavior, [S.l.], v. 9, n. 3, p. 214-227, May/June 2010.
O'Rourke, D. & Ringer, A. (2015). The Impact of Sustainability Information on Consumer Decision Making. Journal of Industrial Ecology, 20 (4), pp. 882-892. DOI: https://doi.org/10.1111/jiec.12310
Pace, S., Balboni, B. & Gistri, G. (2014). The effects of social media on brand attitude and WOM during a brand crisis: Evidences from the Barilla case. Journal of Marketing Communications, 23(2), 135–148. DOI:10.1080/13527266.2014.966478
Passos, S. M. M., Ayres, F. S. de S., Cruz, B. de P. A., Silva, N. C. da & Santos, S. G. dos. Do gabinete à comunidade: a experiência do Projeto Rondon na formação profissional no campo de públicas. Revista Extensio, 13 (1), pp. 166-183. DOI: https://doi.org/10.5007/1807-0221.2016v13n21p166
Silva, N. C. da, Santos, S. G. dos, Cruz, B. de P. A., Ayres, F. S. de S. & Passos, S. M. M. (2016). A Matriz Curricular do Curso de Administração Pública e o Projeto Rondon: Trabalhando o Desenvolvimento Local na Extensão Universitária. NAU Social, pp. 101-114.
Stole, D.; Hooghe, M.; Micheletti, M. Politics in the supermarket: political consumerism as a form of political participation. International Political Science Review, London, v. 26, n. 3, p. 245-269, July 2005.
Tarone, R. E. & Ware, J. (1977). On distribution-free tests for equality of survival distributions. Biometrika, 64, 1. April 1977, pp. 156-160. DOI: https://doi.org/10.1093/biomet/64.1.156
Copyright (c) 2021 Revista Brasileira de Gastronomia
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
O conteúdo da revista é de acesso público e gratuito, podendo ser compartilhado de acordo com os termos da Creative Commons Atribuição - Uso não-comercial - Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil. Você tem a liberdade de compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra, sob as seguintes condições:
a) Atribuição — a atribuição deve ser feita quando alguém compartilhar um de seus artigos e deve sempre citar o nome da revista e o endereço do conteúdo compartilhado.
b) Uso não-comercial — você não pode usar esta obra para fins comerciais.
c) Vedada à criação de obras derivadas — você não pode alterar, transformar ou criar em cima desta obra.
Ficando claro que:
Renúncia — qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais. Domínio Público — onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
Outros Direitos — os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- Os direitos morais do autor;
- Sireitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
Aviso — para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da Revista Brasileira de Gastronomia que deve ser consignada a fonte de publicação original. Os originais não serão devolvidos aos autores.
As opiniões emitidas pelos autores nos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Esta obra está licenciada sob uma Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 4.0 Internacional.